REGIÃO NORDESTE
A área do Nordeste brasileiro é de aproximadamente 1.558.196 km², equivalente a 18% do território nacional e é a região que possui a maior costa litorânea. Um fato interessante é que a região possui os estados com a maior e a menor costa litorânea, respectivamente Bahia, com 932 km de litoral e Piauí, com 60 km de litoral. A região toda possui 3.338 km de praias.
Está situado entre os paralelos de 01° 02' 30" de latitude norte e 18° 20' 07" de latitude sul e entre os meridianos de 34° 47' 30" e 48° 45' 24" a oeste do meridiano de Greenwich. Limita-se a norte e a leste com o oceano Atlântico; ao sul com os estados de Minas Gerais e Espírito Santo e a oeste com os estados do Pará, Tocantins e Goiás.
ASPECTOS FÍSICOS
1 – Relevo
Formada pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, a maior parte desta região está em uma extensa depressão, antiga e aplainada pela erosão.
Em função das diferentes características físicas que apresenta, a região encontra-se dividida em sub-regiões: meio-norte, zona da mata, agreste e sertão.
Uma das características importantes do relevo nordestino é a existência de dois antigos e extensos planaltos, o Borborema e a bacia do rio Parnaíba e de algumas áreas altas e planas que formam as chamadas chapadas, como a Diamantina e a Araripe. Entre essas regiões ficam algumas depressões, nas quais está localizado o sertão, que é uma região de clima semi-árido.
Segundo o professor Jurandyr Ross, que com sua equipe compilou informações do Projeto Radam (Radar da Amazônia) e mostrou uma divisão do relevo brasileiro mais rica e subdivida em 28 unidades, no Nordeste ficam localizados os já citados planalto da Borborema e planaltos e chapadas da bacia do rio Parnaíba, a Depressão Sertaneja e do São Francisco e parte dos planaltos e serras do Atlântico-Leste-Sudeste, além das planícies e tabuleiros Litorâneos.
No Nordeste brasileiro, há formações rochosas típicas do clima semi-árido, com presença de morros residuais onde houve colaboração da erosão eólia, estas formações recebem o nome de Inselbergs.
2 - Sub-regiões e clima
1 – MEIO-NORTE
2 – SERTÃO
3 – AGRESTE
4 – ZONA DA MATA
O meio-norte compreende da faixa de transição entre o sertão semi-árido do Nordeste e a região amazônica. Apresenta clima úmido e vegetação exuberante, à medida que avança para o oeste.
A zona da mata estende-se do estado do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia, numa faixa litorânea de até 200 km de largura. O clima é tropical úmido, com chuvas mais frequentes no outono e inverno. O solo é fértil e a vegetação natural é a mata atlântica, já praticamente extinta e substituída por lavouras de cana-de-açúcar desde o início da colonização.
O agreste é a área de transição entre a zona da mata, região úmida e cheia de brejos, e o sertão semi-árido. Nessa sub-região, os terrenos mais férteis são ocupados por minifúndios, onde predominam as culturas de subsistência e a pecuária leiteira.
O sertão, uma extensa área de clima semi-árido, chega até o litoral, nos estados do Rio Grande do Norte e do Ceará. As atividades agrícolas sofrem grande limitação, pois os solos são rasos e pedregosos e as chuvas, escassas e mal distribuídas. A vegetação típica é a caatinga. O rio São Francisco é a única fonte de água perene.
3 – Hidrografia
O Nordeste possui importantes bacias hidrográficas, dentre as quais podemos destacar:
· Bacia do São Francisco: é a principal da região, formada pelos rios São Francisco e seus afluentes. São praticadas atividades de pesca, navegação e produção de energia elétrica pelas hidrelétricas de Três Marias, Sobradinho, Paulo Afonso e Xingó, delimita as divisas naturais de Bahia com Pernambuco e também de Sergipe e Alagoas, que é onde está localizada sua foz.
· Bacia do Parnaíba: é a segunda mais importante, ocupando uma área de cerca de 344.112 km² (3,9% do território nacional) e drena quase todo o estado do Piauí, parte do Maranhão e Ceará. O rio Parnaíba é um dos poucos no mundo a possuir um delta em mar aberto, com uma área de manguezal de, aproximadamente, 2.700 km².
· Bacia do Atlântico Nordeste Oriental: ocupa uma área de 287.384 km², que abrange os estados do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas. Os rios principais são o Jaguaribe, Piranhas-Açú, Capibaribe, Acaraú, Curimataú, Mundaú, Paraíba e Una.
· Bacia do Atlântico Nordeste Ocidental: situada entre o Nordeste e a região Norte, fica localizada, quase que em sua totalidade, no estado do Maranhão. Algumas de suas sub-bacias constituem ricos ecossistemas, como manguezais, babaçuais, várzeas, etc.
· Bacia do Atlântico Leste: compreende uma área de 364.677 km², dividida entre 2 estados do Nordeste (Bahia e Sergipe) e dois do Sudeste (Minas Gerais e Espírito Santo). Na bacia, a pesca é utilizada como atividade de subsistência.
4 – Vegetação
A vegetação nordestina é bastante rica e diversificada, vai desde a Mata Atlântica no litoral à Mata dos Cocais no Meio-Norte, ecossistemas como os manguezais, a caatinga, o cerrado, as restingas, dentre outros, possuem fauna e flora exuberantes, diversas espécies endêmicas, uma boa parte da vida no planeta e animais ameaçados de extinção.
· Mata Atlântica: também chamada de Floresta tropical úmida de encosta, a mata atlântica estendia-se originalmente do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, em consequência dos desmatamentos, que ocorreram em função, principalmente, da indústria açúcareira, hoje só resta cerca de 5% da vegetação original, dispersas em "ilhas". Foi na mata atlântica nordestina que começou o processo de extração do pau-brasil.
· Mata dos Cocais: formação vegetal de transição entre os climas semi-árido, equatorial e tropical. As espécies principais são o babaçu e a carnaúba, os estados abrangidos por esse tipo de vegetação são o Maranhão, o Piauí, o Rio Grande do Norte, parte do Ceará e o Tocantins na região Norte. Representa menos de 3% da área do Brasil.
· Cerrado: ocupa 25% do território brasileiro, mas no Nordeste só abrange o sul do estado do Maranhão e o oeste da Bahia. Apresenta árvores de baixo porte, com galhos retorcidos, no chão é coberto por gramíneas e apresenta um solo de alta acidez.
· Caatinga: vegetação típica do sertão, suas principais espécies são o pereiro, a aroeira, o aveloz e as cactáceas. É uma formação de vegetais xerófitos (vegetais de regiões secas), mas é muito rica ecologicamente.
· Vegetação Litorânea e Matas Ciliares: por último, mas não menos importante. Na categoria de vegetação litorânea podemos incluir os mangues, que é um riquíssimo ecossistema, local de moradia e reprodução dos caranguejos e importante para a preservação de rios, lagoas; também podemos incluir as restingas e as dunas que são cenários bem conhecidos do Nordeste; Já as matas ciliares ou matas-galerias são comuns em regiões de cerrados, mas também podem ser vistas na Zona da Mata, são pequenas florestas que acompanham as margens dos rios, onde existe maior concetração de materiais orgânicos no solo, funcionam como uma proteção para os rios e mares.
ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS
1 - Turismo
O grande número de cidades litorâneas com belas praias contribui para o desenvolvimento do turismo. Muitos estados investem na construção de parques aquáticos, complexos hoteleiros e pólos de ecoturismo. Esse crescimento, no entanto, favorece a especulação imobiliária, que em muitos casos ameaçam a preservação de importantes ecossistemas.
A cultura nordestina é um atrativo à parte para o turista. Em cada estado, há danças e hábitos seculares preservados. As rendas de bilros e a cerâmica, são as formas mais tradicionais de artesanato da região. As festas juninas em Caruaru (PE) e Campina Grande (PB) são as mais populares do país. O nordeste é a região brasileira que abriga o maior número de Patrimônios Culturais da Humanidade, título concedido pela UNESCO. Alguns exemplos são: a cidade de Olinda (PE), São Luís (MA) e o centro histórico do Pelourinho, em Salvador (BA).
Há ainda o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, um dos mais importantes sítios arqueológicos do país. O carnaval continua sendo o evento que mais atrai turistas, especialmente para Salvador, Olinda e Recife. Cada uma dessas cidades chega a receber 1 milhão de turistas nessa época.
Outro grande destaque a nível nacional e mundial é Fernando de Noronha, com suas maravilhosas paisagens naturais e mar cristalino, local que abriga os golfinhos saltadores, conhecidos em todo o mundo.
2 - Recursos minerais
O Nordeste é rico em recursos minerais. Os destaques são o petróleo e o gás natural, produzidos na Bahia, em Sergipe e no Rio Grande do Norte. Na Bahia, o petróleo é explorado no litoral e na plataforma continental e processado no Pólo Petroquímico de Camaçari. O Rio Grande do Norte é o segundo maior produtor de petróleo do país, atrás do Rio de Janeiro. Produz também 95% do sal marinho consumido no Brasil. Outro destaque é a produção de gesso em Pernambuco, que responde por 95% do total brasileiro. O Nordeste possui ainda jazidas de granito, pedras preciosas e semi-preciosas. O Ceará se destaca na extração de granito, além de possuir uma das maiores reservas de urânio do país localizada no município de Santa Quitéria.
3 - Economia
Nos últimos cinco anos, a economia nordestina mostra-se mais dinâmica que a média do país. Uma das razões é o impulso da indústria e do setor de serviços.
A agricultura e a pecuária, contudo, enfrentam situação inversa nos anos 90. Os longos períodos de estiagem fazem com que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor apresente quedas sucessivas. A agricultura centraliza-se no cultivo de cana-de-açúcar, com Alagoas respondendo por metade da produção do Nordeste. Há alguns anos, teve início o desenvolvimento de lavouras de fruticultura para exportação na área do vale do São Francisco - onde há inclusive cultivo de uvas viníferas - e no Vale do Açu, a 200 km de Natal (RN). É no Rio Grande do Norte que são produzidos os melhores melões do país. A pecuária ainda sofre os efeitos da estiagem, mas o setor avícola desponta. O Ceará se destaca na produção de frutas irrigadas como: melão e abacaxi, além das flores principalmente rosas produzidas em São Benedito na cuesta da Ibiapaba e Guaramiranga no maciço de Baturité.
4 - População e transportes
As maiores cidades nordestinas são Salvador, Fortaleza, Recife, Natal, João Pessoa, Maceió, São Luís, Aracajú, Ilhéus, Itabuna, Teresina, Campina Grande, Feira de Santana e Olinda. As rodovias em geral são precárias. Há, entretanto algumas boas e surpreendentes exceções. As principais vias de escoamento e transporte de carga rodoviária são efetuadas pela BR-116 e BR-101. Os aeroportos de Recife, Salvador e Fortaleza são os principais destaques.
CARACTERÍSTICAS DOS ESTADOS DA REGIÃO NORDESTE
BAHIA
Modernização do estado:
Na Bahia, o processo de modernização se inicia nos anos 50, com a descoberta de petróleo no Recôncavo Baiano, a construção da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso (1954) e a abertura da rodovia Rio - Bahia (1957). Na década seguinte, passa a ser atendida pela SUDENE e recebe recursos, sobretudo para a ampliação da agricultura irrigada na bacia do São Francisco. A partir de 1974, esse cultivo fica sob supervisão da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF). Ainda nos anos 70, incentivos fiscais favorecem a implantação do Pólo Industrial de Aratu e do Pólo Petroquímico de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, o maior centro industrial do nordeste.
A Bahia de hoje:
Mais populoso estado do nordeste, a Bahia recebe todos os anos milhões de turistas. Com a mais extensa faixa litorânea do Brasil (922 km), tem praias famosas como as do Forte, Salvador, Itaparica, Morro de São Paulo, Ilhéus, Comandatuba, Porto Seguro, Arraial d'Ajuda, Trancoso, Lençóis, Prado, Alcobaça, Caravelas e Parque Nacional Marinho de Abrolhos, que reúne a maior variedade de corais do país. Na região central destaca-se a Chapada Diamantina, com cachoeiras, grutas e cavernas. Nada a menos que 2,4 milhões de hectares do território, consistem em áreas de proteção, parques, cinturões verdes, reservas, estações ecológicas, jardins botânicos ou monumentos naturais, que, juntos, ocupam 4,2% do território baiano, área equivalente à área de Sergipe.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o setor de serviços liderado pelo turismo, responde por 40,8% do PIB baiano (2004), que representa quase um terço de toda a riqueza produzida pela região nordeste.
Salvador, capital do estado e também a primeira capital do Brasil, tem arquitetura marcada pelas construções do período colonial. São igrejas, fortes, palácios e cerca de 350 casarões do Pelourinho, transformado em patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO e recentemente restaurado. Ruas estreitas e ladeiras íngremes, Salvador divide-se em cidade alta e cidade baixa, ligadas na região central pelo Elevador Lacerda. A capital baiana tem outra vocação que vem ganhando força, seguindo uma tendência nacional: o turismo de negócios. No ano de 2006 a ocupação dos hotéis de segunda a quinta-feira bate de longe os fins de semana. São Paulo continua a liderar o setor, com 70% do movimento, porém investimentos no setor hoteleiro soteropolitanos dirigidos para atender os executivos tem produzido bons resultados: o Hotel Transamérica Salvador, por exemplo, abriga em média 25 eventos por mês.
Na Bahia reside o maior número relativo de negros e mulatos do país e a cultura africana tem influência na culinária e no sincretismo religioso, em festas como a do Nosso Senhor do Bonfim e de Iemanjá. A música e os ritmos baianos atraem visitantes de todo o mundo, especialmente durante o carnaval.
Mudanças na economia:
A indústria petroquímica baiana, responsável por grande parcela do PIB industrial, foi decisiva para que o estado apresentasse as empresas de mais elevada média de crescimento em 2006. Na lista das dez maiores empresas do estado, o pólo petroquímico de Camaçari emplacou quatro. A explicação pode estar na alta da cotação do preço do petróleo no mercado internacional, puxando o preço dos derivados (antes da crise atual que fez o preço do barril de petróleo despencar). Ainda assim, o governo procura reduzir a dependência em relação ao pólo petroquímico, incentivando o turismo, que leva a construção de um complexo de hotéis em Sauípe. Em Ilhéus, cresce o pólo de informática, e a montadora Ford se instalou em Camaçari, atraindo fornecedores de autopeças.
Os investimentos realizados nos últimos 15 anos na Bahia permitiram o surgimento de pelo menos três novas áreas prósperas: as regiões do baixo médio São Francisco, oeste e sul do estado, que concentram grandes empreendimentos. As duas primeiras revelam potencial para atividades ligadas ao agronegócio, baseadas principalmente na agricultura irrigada, expondo os contrastes de um estado com dois terços de seu território no semi-árido. A terceira região, que viveu durante anos do cacau, volta-se para o turismo. A soja, principal produto agrícola do oeste (destaque para Barreiras e Luiz Eduardo Magalhães), apesar de safra recorde, deixa de ser o único centro das atenções dos agricultores, que apostam, no oeste baiano, no milho. Surgem também com força o algodão e o café, além da mamona, melancia, feijão e a pecuária.
Na pecuária, a criação de caprinos adapta-se às condições do semi-árido e traz bom retorno econômico. O estado chegou a ter o contingente de cabras mais expressivo do país, com 4 milhões de animais, mas a seca de 1998, castiga o rebanho que cai para 1,9 milhões. Na região semi-árida, ainda se criam 2 milhões de carneiros e ovelhas, o segundo maior rebanho brasileiro. Já a criação de bovinos atinge a expressiva marca de 10 milhões de cabeças.
PERNAMBUCO
Desenvolvimento insuficiente:
Na República, até as décadas de 30 e 40, Pernambuco mantém o perfil social, econômico e político herdado em grande parte da colonização. Na Zona da Mata e no litoral predominam a monocultura canavieira tradicional e as atividades mercantis; no agreste e no sertão, mais vulneráveis à seca, permanece a agropecuária de subsistência.
A modernização acelerada do país, a partir dos anos 50 e 60, provocam mudanças em Pernambuco. Os contrastes e conflitos internos da região acentuam-se. Em 1956 surgem as Ligas Camponesas, movimento em defesa da reforma agrária e dos direitos do homem do campo. Como todo o nordeste, o estado passa a contar com os recursos da Sudene. Recebe também investimentos da política de incentivos fiscais dos governos militares nos anos 70, sobretudo para a agroindústria do açúcar e do álcool e para alguns setores industriais, como o têxtil e o turístico. O desenvolvimento da indústria, porém, é insuficiente para absorver a mão-de-obra liberada pelo campo, o que impulsiona a migração para outras regiões do país.
Localizado no litoral do Nordeste, Pernambuco é um dos maiores centros turísticos do país. Com inúmeras praias e uma arquitetura que mostra a presença holandesa nos tempos do Brasil Colônia, Recife e Olinda são as cidades mais visitadas. O centro histórico de Olinda foi transformado em patrimônio da humanidade pela Unesco, mas corre o risco de sair da lista em razão do mau estado de conservação. O carnaval e o Recifolia - carnaval fora de época - atraem grande número de foliões. Destacam-se ainda a Festa de São João, em Caruaru, e o espetáculo da Paixão de Cristo, em Nova Jerusalém, ambas no agreste. Em seus 187 km de costa situa-se uma das praias mais procuradas do Nordeste, o balneário de Porto de Galinhas, no sul. Outra atração é a ilha de Fernando de Noronha, a 340 km do litoral brasileiro. Na culinária tradicional têm destaque a buchada de carneiro e a de bode, o sarapatel, a carne-de-sol com macaxeira e a moqueca de frutos do mar.
Alterações no perfil econômico:
A cana-de-açúcar, que durante séculos dominou a agricultura de Pernambuco, começa a dar lugar a plantações de rosas, gladíolos e crisântemos. Cidades como Garanhuns, Chã Grande e Paulista passam a se dedicar à floricultura por causa da decadência das grandes usinas de açúcar.
Além das flores, vêm crescendo as lavouras de café e as plantações de seringueiras. A fruticultura irrigada, produz, em 1999, 100 mil t de frutas, como uva, manga, melancia e banana. O pólo principal fica em Petrolina, no vale do rio São Francisco. Aumenta também a criação de cavalos e de gado bovino de leite e de corte.
Apesar da lucratividade dessas atividades agropecuárias, a cana-de-açúcar ainda desempenha papel importante na economia do estado. Pernambuco tem a segunda maior produção de cana do Nordeste, atrás de Alagoas. Porém, esse aumento não reverte o fato de Pernambuco estar mudando seu perfil econômico e deixando de ser um estado agrícola: nos últimos anos, o setor cresce menos que a média nacional e perde investimentos para o Ceará.
Além da agricultura oficial, há cultivo clandestino de maconha. A maior parte das plantações fica na divisa com Bahia e Alagoas, o "polígono da maconha". De acordo com o governo federal, o lucro com a produção ilegal da erva chega a ser 100 vezes maior do que o conseguido com as culturas tradicionais.
O estado está se transformando em um grande centro de serviços. Um dos setores que crescem mais rapidamente é o de varejo. Como exemplo, a rede de supermercados Bompreço lidera o ranking das maiores empresas regionais por vendas e apresenta, na última década, um aumento médio de 7,5% ao ano. Só a Suape, que administra um complexo industrial e portuário, perto do Recife, cresce mais: 8,5% ao ano, em média.
Em 2005, a Petrobrás firma acordo com a empresa Petróleos de Venezuela (PDVSA) para a construção de uma refinaria no complexo industrial e portuário de Suape, o mais completo pólo para a localização de negócios industriais e portuários da região nordeste brasileira. Orçado em US$ 2,5 bilhões.
Granito e calcário - Pernambuco se destaca na extração de recursos minerais, respondendo por 95% da oferta de gesso do país. Rico em granito e calcário, o subsolo vem permitindo o desenvolvimento das mineradoras.
O estado é um dos destaques em produção industrial do Nordeste, juntamente com Ceará e Bahia. As principais empresas são as alimentícias e as dos setores químico, de materiais elétricos, comunicações, metalúrgica e minerais não metálicos. Seu pólo de informática, na região do Recife, está entre os cinco mais importantes do Brasil.
CEARÁ
Fatos históricos:
Colonos portugueses, apoiados por expedições militares, começam a ocupar o Ceará por volta de 1610. O objetivo é proteger a capitania dos ataques de franceses, holandeses e ingleses, que se aliavam as tribos locais. O povoamento do interior do estado e o desenvolvimento da agropecuária são incrementados quando proprietários de Pernambuco, da Paraíba e de Alagoas chegam à região para fugir dos holandeses, instalados no litoral do Nordeste em meados do século XVII.
No início do século XIX, os cearenses participam da Revolta Pernambucana de 1817, das lutas de independência, enfrentando as forças portuguesas no Piauí, e ainda da Confederação do Equador, de 1824, novamente em Pernambuco. Durante o império, o estado envolve-se na campanha abolicionista e na campanha republicana - Ceará e Amazonas são as primeiras províncias brasileiras a declarar oficialmente extinta a escravidão em 1884. Em meados do século XIX, já era reduzida a participação do trabalho escravo na província. Nas últimas décadas do século XIX, a seca faz dezenas de milhares de cearenses abandonarem a região. A maioria parte para a Amazônia, em busca de trabalho nos seringais.
A república contribui para fortalecer o poder dos grandes fazendeiros, os coronéis. Liderados pelo clã dos Acioli, controlam todo o estado por meio dos "currais eleitorais" (eleitores vendem seu voto por dinheiro ou outro benefício). Quando o governo federal resolve intervir na poderosa oligarquia cearense e indicar Marcos Franco Rabelo para governar o estado, os coronéis reagem brutalmente, com o apoio do Padre Cícero, na Revolta do Juazeiro. Ceará moderno - As obras contra a seca intensificam-se a partir dos anos 40 e 50, quando o governo federal aplica mais recursos no estado pelo Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), criado em 1943. São construídos dezenas de açudes, alguns de grande capacidade, como o de Orós, Banabuiu e Araras, localizados, respectivamente, no sudeste, centro e noroeste do Ceará. Os recursos da Sudene a partir dos anos 60 e os incentivos fiscais da década de 70 fazem crescer principalmente os setores têxtil e alimentício. Indústrias de transformação, alimentos e matérias-primas surgem apoiadas no aumento da produção de cana-de-açúcar e dos óleos de carnaúba, mamona e oiticica. As condições favoráveis ao plantio do algodão levam à instalação de indústrias têxteis na região.
Situado no Nordeste, o Ceará é um dos centros turísticos mais procurados do Brasil. A costa cearense, com 573 km, é um dos principais pontos de atração. Antigas vilas de pescadores, como Canoa Quebrada , marcada pelas falésias vermelhas, e Jericoacoara, com imensas dunas brancas, atraem visitantes de todo o mundo. Em Fortaleza há praias famosas, como a de Mucuripe e a do Futuro. O turismo é responsável por cerca de 3,5% do PIB do Ceará. Mais reconhecido pela potencialidade de seu litoral, o território cearense se alonga por extensões de serras e de sertões. O oeste destaca-se a serra da Merouca, a chapada da Ibiapaba. A leste encontramos a chapada do Apodi em cujos vales se encontra a produção de frutos tropicais e ao sul os 220 km de extensão da chapada do Araripe. Ao sul do estado, na divisa com Paraíba, Pernambuco e Piauí, situa-se a floresta Nacional do Araripe, onde está a maior concentração mundial de fósseis do Período Cretáceo (entre 140 milhões e 65 milhões de anos atrás).
A religião é responsável pela movimentação de mais de 1 milhão de pessoas vindas de todo o país, especialmente da Região Nordeste, que todos os anos seguem para a cidade de Juazeiro do Norte. É a devoção a Padre Cícero, líder político e religioso do vale do Cariri, cultuado desde o final do século XIX.
A política de descentralização adotada pelo governo estadual tem atraído empreendimentos industriais para o interior, principalmente nos setores calçadista, metal mecânico, siderúrgico, têxtil, de confecções e eletroeletrônico. Nos últimos sete anos, mais de 600 empresas nacionais e estrangeiras instalaram-se no estado, que investiu na concessão de incentivos fiscais. Mais da metade dos novos empreendimentos foram do setor industrial.
Combate à seca:
Localizado no semi-árido nordestino, o Ceará historicamente enfrenta problemas com a escassez de água. Verbas estaduais e federais patrocinam a construção de cerca de 100 obras no estado, entre canais, adutoras e açudes, cuja função será melhorar a distribuição da água. O projeto mais importante é o açude do Castanhão, no vale do rio Jaguaribe. Situado na interligação das bacias dos rios do Ceará, é três vezes mais extenso que o açude de Orós - o maior açude público do Nordeste. Com capacidade para armazenar 4,2 bilhões de m3 de água, poderá irrigar 43 mil hectares de terra e garantir o abastecimento a 2,7 milhões de pessoas na região metropolitana de Fortaleza e baixo Jaguaribe.
O litoral cearense, com 1,66 milhão de ha, onde chove 1,2 mil mm, com 15% a 20% de suas terras consideradas devolutas, é a aposta do Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace) para desenvolver a produção agrícola. Nessa região, segundo o Idace, excetuando-se as dunas, alagadiços e aglomerados urbanos, até 500 mil ha podem ser alocados para a agricultura, pois são áreas com solos razoáveis ainda não utilizados ou subutilizados. Por sua semelhança com a região do cerrado, com terras planas e chuvas satisfatórias, cujo único empecilho é a ocorrência de solos arenosos, para os quais já há tecnologia, essa área pode constituir-se na nova fronteira agrícola no Ceará.
BIODIESEL E O CEARÁ
Antes de analisarmos a questão do biodiesel no estado, se faz necessário definirmos o objeto de estudo. E, afinal o que vem a ser biodiesel? Não é uma resposta simples, pois este conceito vem sendo bastante discutido há várias décadas, já que este tema ao contrário do que pensam muitos, não é tão recente assim, data de várias décadas. No entanto, vamos a definição adotada pelo Programa Brasileiro de Biocombustíveis:
“Combustível obtido a partir de misturas, em diferentes proporções, de diesel e éster de óleos vegetais”.
“Tecnicamente o biodiesel é definido como um éster alquílico de ácidos graxos, obtidos da reação de transesterificação de qualquer triglicerídio (óleos e gorduras vegetais ou animais) com álcool da cadeia curta (metanol ou etanol). A transesterificação consiste na reação química de um óleo vegetal com um álcool, que pode ser etanol ou metanol, na presença de um catalisador ácido (HCL – ácido clorídrico) ou básico (NAOH – hidróxido de sódio). Como resultado, obtém-se o éster metílico ou etílico (biodiesel), conforme o álcool utilizado, e a glicerina”.
Fonte: FAESP – Federação de Agricultura do Estado de São Paulo
Portanto, a transesterificação nada mais é do que a separação da glicerina do óleo vegetal. A glicerina, sub-produto da produção do biodiesel, pode ser utilizada como matéria-prima na produção de tintas, adesivos, produtos farmacêuticos, têxteis, etc.
No caso do Brasil, a soja é a única oleaginosa que pode suprir imediatamente uma demanda em escala nacional. No entanto, não significa que o estado do Ceará deva se deter a esta espécie de oleaginosa, ao contrário, apenas recentemente algumas áreas do estado vem plantando soja em caráter “experimental” e sem o apoio do governo estadual. São empresas isoladas principalmente multinacionais que atuam na região do baixo Jaguaribe. Vale lembrar que ainda tem a questão do clima e da adaptação da soja, embora o estado do Piauí, cujo clima se assemelha ao do Ceará vem alcançando bons resultados com esta cultura.
Considerando as proposições acima, pode-se concluir que a soja não é a melhor alternativa para a produção do biodiesel no estado, pois apresenta os seguintes problemas:
Ø Pequenas plantações em caráter experimental;
Ø Menor rendimento do que outras culturas como a mamona e o coco.
Sendo assim, a mamona fica sendo para o estado, pelo menos por enquanto, a melhor alternativa, pois possui bom rendimento, além de ser uma cultura semi-perene, ou seja, ser resistente à escassez de água provocada pela irregularidade de chuvas do nosso clima.
E por fim, vale lembrar que o governo do estado acaba de inaugurar a primeira unidade de processamento de semente de mamona no município de Quixeramobim. O óleo extraído servirá como combustível puro, na forma de mistura, como complemento ao diesel extraído do petróleo, ou em baixas proporções como aditivo (de 1% a 4%). O biodiesel também poderá gerar energia elétrica, sendo que 27 propriedades já estão utilizando este tipo de energia no estado.
Vantagens da mamona à economia e ao meio-ambiente do estado do Ceará
· Geração de empregos diretos – no Ceará quem está à frente do projeto é a empresa Tecnologias Bioenergéticas Ltda (Tecbio) e a Fundação Núcleo de Tecnologia do Ceará (Nutec). Recentemente, empresas da iniciativa privada e instituições públicas estabeleceram parcerias para incentivar o cultivo de mamona para a produção do biodiesel no estado. Até 2007, a expectativa é de que sejam cultivados 70 mil hectares de mamona, que deverão atingir 66 dos 184 municípios do estado e que podem render 28 milhões de litros de biodiesel. O governo do estado prevê, com esta medida, criar cerca de 21 mil postos de trabalho e gerar uma renda de R$ 800,00 para cada 2 hectares plantados de mamona. E ainda existe a possibilidade de geração de empregos indiretos pelo chamado efeito-renda, já que parte da renda dos trabalhadores será convertida em consumo, o que fomente os setores da economia, principalmente o de serviços e comércio (terciário).
· O clima favorável do estado do Ceará.
· Além do fornecimento do biodiesel para combustível, seu resíduo ou sub-produto, a glicerina pode ser utilizada como matéria-prima na produção de tintas, adesivos, produtos farmacêuticos, têxteis, etc.
· A afinidade do cearense com este tipo de cultura, já que o Ceará foi o 1° produtor nacional de mamona.
· O biodiesel é um combustível renovável.
· Em termos ambientais existe a redução da emissão de gases poluentes.
· Possibilidade de redução das importações de petróleo e diesel refinado (de acordo com a ANP – Agência Nacional de Petróleo, cada 5% de biodiesel misturado ao óleo diesel consumido no Brasil representa uma economia de divisas de cerca de US$ 350 milhões/ano).
Desvantagens
· Custo elevado – o custo com matéria-prima para a produção do biodiesel inclui, além do óleo vegetal (mamona no Ceará), álcool metílico ou etílico (no caso do Brasil a melhor alternativa seria o etanol proveniente da cana-de-açúcar) e substâncias químicas que servem como catalisadores (hidróxido de sódio). Com todos estes gastos o preço final do biodiesel fica mais elevado do que o do óleo diesel derivado do petróleo.
· Mamona X degradação da caatinga – o cultivo de mamona para fornecimento do biodiesel pode levar a uma expansão agrícola desta cultura sobre as áreas de caatinga provocando o seu desmatamento.
· Maior viscosidade – pode ocasionar problemas de injeção do combustível.
· Perda da potência – embora esta desvantagem precise de mais estudos experimentos para ser comprovada.
Considerações finais
O preço mais elevado do biodiesel frente ao óleo diesel de petróleo se coloca como um obstáculo a sua produção. Entretanto, os produtos agrícolas apresentam tendência de queda em seus preços na medida em que se avançam as pesquisas e produção. No caso da mamona para o Ceará, vale ressaltar que não é uma cultura muito onerosa financeiramente e nem necessita de grande mecanização, o que pode tornar o biodiesel cearense bem competitivo no mercado.
A pequena mecanização leva a contratação de vários trabalhadores rurais principalmente para colheita e beneficiamento da mamona.
Por fim, devemos destacar a importância das políticas públicas para estimular a produção e consumo do biodiesel. Programas de desgravamento tributário são necessários e por isso mesmo, o governo do estado já isentou ao biodiesel do ICMS, o que incentiva sua produção e faz com que o preço se torne competitivo. Sem dúvida, o biodiesel de mamona é um importante vetor do desenvolvimento regional para o nordeste e mais especificamente ao estado do Ceará.
RIO GRANDE DO NORTE
Fatos históricos:
Uma da maiores capitanias do período colonial, o Rio Grande do Norte é doado a João de Barros, que inicia a colonização em 1535. A tentativa fracassa diante do ataque de corsários franceses e da resistência indígena. Somente no final do século, expedições portuguesas conseguem desembarcar na região, fundando o forte dos Reis Magos, em 1598, e a Vila de Natal, no ano seguinte. Vencida a hostilidade dos índios potiguares, os portugueses consolidam sua posição e saem do Rio Grande do Norte para expulsar os franceses de São Luís, no Maranhão, no início do século XVII. Com clima menos favorável ao cultivo da cana-de-açúcar, o estado torna-se centro de criação de gado para abastecimento das demais capitanias do Nordeste. Nessa época, também começa a ganhar importância a exploração do sal, que logo atrai o interesse holandês. O emprego do trabalho escravo indígena provoca forte reação dos cariris. Junto com outras tribos, eles desencadeiam a Guerra dos Bárbaros, em 1685, só encerrada com a intervenção de forças de bandeirantes paulistas nos primeiros anos do século XVIII.
Restrições econômicas:
Com uma atividade econômica secundária em relação à monocultura açucareira e em face das restrições impostas pela metrópole à comercialização do sal, o Rio Grande do Norte permanece uma capitania pouco povoada e pobre. Depois da independência, a província ganha alfândega própria, instalada em Natal, e passa a comercializar alguns produtos, como o sal e a carne-de-sol. Sempre ameaçado pela seca, que atinge periodicamente quase todo o interior, consegue algum resultado na agricultura plantando algodão e, no fim do império, instala as primeiras fábricas têxteis. A vida política do estado, na primeira metade do século XX, é marcada pelo envolvimento na Intentona Comunista de 1935. Na II Guerra Mundial cede terras para bases militares norte-americanas na região de Parnamirim, próxima de Natal. Apesar dos investimentos canalizados pela Sudene a partir dos anos 60, o desenvolvimento social e econômico do estado é lento.
Situado no extremo nordeste do Brasil, o Rio Grande do Norte tem 410 km de praia, com coqueiros, lagoas, dunas e sol constante. Este cenário torna o turismo uma das mais importantes fontes de renda do estado. Ao norte da capital, Natal situa-se a praia de Genipabu, com dunas de areia branca que chegam a atingir 50 m de altura. No litoral sul, as praias são mais estreitas e marcadas por falésias, como a da Pipa, onde é possível observar golfinhos e tartarugas-marinhas. No município de Parnamirim, localiza-se o primeiro centro de lançamento de foguetes da América do Sul, a Barreira do Inferno. O estado responde por 95% de todo o sal extraído no país. A liderança absoluta no setor é decorrente da pouca chuva, da temperatura elevada e dos ventos secos característicos da região, que favorecem a exploração das salinas. As principais estão em Macau e Areia Branca, no norte. Outra importante fonte de recursos é o petróleo. O Rio Grande do Norte é o maior produtor nacional de petróleo em terra e o segundo no mar, atrás apenas do Rio de Janeiro. Também é o terceiro na exploração de gás natural, com 9% da produção brasileira. Em 2000, a Petrobras dobra a produção de gás no estado, construindo uma segunda unidade de processamento de gás natural em Guamaré, município-sede do Pólo Gás-Sal; e também, passa a produzir diesel e nafta no estado. O setor industrial se concentra nos distritos industriais de Natal e de Mossoró, onde predominam empresas têxteis, de confecção e de artigos voltados para o turismo. Há ainda um pólo cerâmico na cidade de Macaíba. Um programa de incentivos fiscais, implantado em 1996, visa a atrair empresas.
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